quarta-feira, 10 de junho de 2009

Fábula de Millôr Fernandes

A RAPOSA E O CACHO DE UVAS


Uma raposa faminta, ao ver cachos de uva suspensos em uma parreira, quis pegá-los, mas não conseguiu. Então, afastou-se dela, dizendo: “Estão verdes.”
Assim também, alguns homens, não conseguindo realizar seus negócios por incapacidade, acusam as circunstâncias.
Esopo

Texto II
A RAPOSA E AS UVAS


De repente a raposa, esfomeada e gulosa, fome de quatro dias e gula de todos os tempos, saiu do areal do deserto e caiu na sombra deliciosa do parreiral que descia por um precipício a perder de vista. Olhou e viu, além de tudo, à altura de um salto, cachos de uvas maravilhosos, uvas grandes, tentadoras. Armou o salto, retesou o corpo, saltou, o focinho passou a um palmo das uvas. Caiu, tentou de novo, não conseguiu. Descansou, encolheu mais o corpo, deu tudo o que tinha, não conseguiu nem roçar as uvas gordas e redondas. Desistiu, dizendo entre dentes, com raiva: “Ah, também, não tem importância. Estão muito verdes.” E foi descendo, com cuidado, quando viu à sua frente uma pedra enorme. Com esforço empurrou a pedra até o local em que estavam os cachos de uva, trepou na pedra, perigosamente, pois o terreno era irregular e havia risco de despencar, esticou a pata e... Conseguiu! Com avidez colocou na boca quase o cacho inteiro. E cuspiu. Realmente as uvas estavam muito verdes!

MORAL: A FRUSTRAÇÃO É UMA FORMA DE JULGAMENTO TÃO BOA COMO QUALQUER OUTRA.

2 comentários:

Phatrick Rocha Correia disse...

eu achei essa fábula muito interessante pelo fato da persistência em almejar o que queremos. Isso é muito importante

Phatrick Rocha Correia disse...

eu achei essa fábula muito interessante pelo fato da persistência em almejar o que queremos. Isso é muito importante