quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Eu, etiqueta - Carlos Drummond de Andrade

Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, permência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro estar na moda
ainda que estar na moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-la por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer principalmente.)
E nisto me comprazo, tiro glóriaDe minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
Meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar
Cada vinco da roupa
Resumia uma estética.
Hoje, sou costurado,
Sou tecido,
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo dos outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Vida moderna - Luís Fernando Veríssimo

Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro. E uma banana pelo potássio. E também uma laranja pela vitamina C. Uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes.
Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água. E uriná-los, o que consome o dobro do tempo.
Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é, mas que aos bilhões, ajudam a digestão).
Cada dia uma Aspirina, previne infarto. Uma taça de vinho tinto também. Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso. Um copo de cerveja, para... não lembro bem para o que, mas faz bem.
O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.
Todos os dias deve-se comer fibra. Muita fibra.Fibra suficiente para fazer um pulôver.
Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente. E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada. Só para comer, serão cerca de cinco horas do dia...
E não esqueça de escovar os dentes depois de comer.
Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana, da laranja, das seis refeições e enquanto tiver dentes, passar fio dental, massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com Plax.
Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por dia.
Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco comendo são vinte e uma. Sobram três, desde que você não pegue trânsito.
As estatísticas comprovam que assistimos três horas de TV por dia. Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (por experiência própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira uma).
E você deve cuidar das amizades, porque são como uma planta: devem ser regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando eu estiver viajando.
Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as informações.
Ah! E o sexo !
Todos os dias, tomando o cuidado de não se cair na rotina. Há que ser criativo, inovador para renovar a sedução. Isso leva tempo e nem estou falando de sexo tântrico.
Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que você não tenha um bichinho de estimação. Na minha conta são 29 horas por dia.
A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo!!!
Por exemplo, tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os dentes.
Chame os amigos junto com os seus pais.
Beba o vinho, coma a maçã e a banana junto com a sua mulher na cama.
Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teria um Danoninho e se sobrarem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésia.
Agora tenho que ir.
É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro.
E já que vou, levo um jornal...
Tchau....
Se sobrar um tempinho, me manda um e-mail.

domingo, 5 de outubro de 2008

A vida e o tempo Viviane Mosé

acho que a vida anda passando a mão em mim
a vida anda passando a mão em mim
acho que a vida anda passando
a vida anda passando
acho que a vida anda
a vida anda em mim
acho que há vida em mim
a vida em mim anda passando
acho que a vida anda passando a mão em mim

e por falar em
quem anda me comendoé o tempo
na verdade faz tempo
mas eu escondia
porque ele me pegava à força e por trás
um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo
se você tem que me comer
que seja com o meu consentimento
e me olhando nos olhos
acho que ganhei o tempo
de lá pra cá ele tem sido bom comigo
dizem que ando até remoçando.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Anjos negros - Shirley Pimentel de Souza

As “pragas devastadoras” invadiram a Diáspora,
E embranqueceram nossa cultura.
Transformaram em vovós e vovôs,
Nossas iaiás e ioiôs.
Instituíram um “bem” branco
E um “mal” negro...
Uma “paz” branca,
E um “luto” negro...
Almas brancas que vão pro céu,
Almas negras, pro inferno.
Deuses brancos que são benéficos,
Deuses negros que são maléficos...
Anjos brancos que são “cristos”,
Anjos negros que são demônios.

Chega!!!
A negritude dá seu grito de desabafo!
As crianças negras querem anjos da guarda negros.
O povo negro quer magia negra.
O povo negro quer cultura negra!
Repudiamos sua prepotência,
Repudiamos sua divisão racial,
Repudiamos sua aquarela racista.
Queremos anjos negros!
Faremos um “bem negro”.Somos povo N E G R O!!!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Memórias de um leitor

Minha relação com a Língua Portuguesa e a Literatura iniciou-se desde muito cedo, com minha mãe contando-me estórias oralmente antes de dormir. Por exemplo, quando ela contava-me a estória da Chapéuzinho Vermelho, e narrava a parte em que Chapéuzinho está andando pelo bosque em direção á casa da Vovó com uma cestinha cheia de doces, perguntava à sobre as guloseimas que vinham dentro da cesta e ela pacientemente me explicava.
Depois que aprendi a ler - entre os cinco e seis anos – o primeiro livro que talvez eu tenha lido seja um livro com os clássicos da Disney, chego a me lembrar quais eram as três primeiras estórias: 101 dálmatas; A Bela e a Fera; Dumbo. Em seguida, vinham mais estórias – não necessariamente nessa ordem – Pinóquio; A pequena sereia; Bambi; Pocahontas; A dama e o vagabundo; Peter Pan; Aladin; Alice no país das maravilhas; Os aristogatas.
Esse livro tinha cerca de quatrocentas e dezesseis páginas, metade de cada página era ocupada por uma ilustração – já que era um livro infantil – e li-o tantas vezes – mais de dez – que cheguei a conseguir a conseguir lê-lo todo num dia.
Nessa época, eu lia também um Atlas do corpo humano com as matérias de Botânica, Zoologia e Anatomia Humana. Apesar de ler, não conseguia compreende-lo muito bem.
Eu também costumava pegar meu livro didático de Língua Portuguesa para ler – não lia as partes que explicavam regras, apenas os textos – e, inclusive, pegava os livros da minha irmã também, que estava dois anos á minha frente.
Também li a coleção Vaga-lume. O primeiro livro dessa série que li foi: Ameaça nas trilhas do tarô, em seguia seguiram-se vários: Na barreira do inferno; Deus me livre! ; A ilha perdida; O ninho dos gaviões; Meninos sem pátria; Garra de campeão; O mistério do cinco estrelas; Um cadáver ouve rádio; O rapto do garoto de ouro; Sozinha no mundo; Dinheiro do céu; Enigma na televisão; Coração de onça; O caso da borboleta Atíria; Tráfico de anjos; Na mira do vampiro; Tonico e outros.
Quando eu tinha nove anos eu me mudei de São Paulo para Itanhaém, no litoral paulista. Devido ao local que eu morava a transmissão de televisão não era muito boa, e eu fiquei muito tempo sem assistir televisão.
Então, quando comecei a estudar na escola Divanir Maria Cardoso, eu ia na biblioteca e pegava alguns livros para ler.Foi aí que comecei a ter contato com um escritor muito especial: Monteiro Lobato. Não me lembro por qual livro comecei, mas viajei muito em: História das invenções; Serões de Dona Benta; História do mundo para crianças; A chave do tamanho; O poço do Visconde; Geografia de Dona Benta. Ah! E o meu preferido: Os doze trabalhos de Hércules, pena que o livro era dividido em dois tomos e lá só tinha as aventuras dos seis primeiros trabalhos: O leão da Neméia; A Hidra de Lerna; A corça dos pés de bronze; O javali de Erimanto; As cavalarias de Augias e As aves do lago Estinfale.
Foi nessa escola também que li o livro As mil e uma noites, nessa biblioteca havia quatro volumes, que iam a primeira até pouco mais da ducentésima noite, adorava ler toas aquelas aventuras, os gênios as lâmpadas maravilhosas, tapetes voadores! É claro que de início achei sua leitura muito complicada, mas mesmo assim, seguia em frente.
Ainda nessa biblioteca eu tentei ler um livro de Monteiro Lobato, mas não fazia parte de sua obra infanto-juvenil: o romance Urupês. Tentei lê-lo, mas por mais que tentasse não conseguia entendê-lo. E ainda, com uma prima, peguei o livro Negrinha – também de Monteiro Lobato – emprestado, mas foi inútil tentar lê-lo.
Voltando á Bahia, eu passei a estudar na escola Horácio de Matos, a sala estava se organizando para fazer a peça: Zé Vagão da Roda Fina e sua mãe Leopoldina, cheguei a ler o livro a peça de teatro, mas, tive que ir embora da escola e não participei da peça.
Em seguida vieram livros interessantes: Agora estou sozinha; A marca de uma lágrima; O fantástico mistério de Feiúrinha; Pântano de sangue, todos de Pedro Bandeira. E lia mais livros de outros escritores: Eu, detetive; O incrível roubo da loteca; Resgate no tempo; A odisséia; Ali Babá e os quarenta ladrões; O mágico de Oz; Dom Quixote – O cavaleiro da triste figura; O retrato de Dorian Gray; Uma luz no fim do túnel; Corações em êxtase; Anjo loiro. Ainda nesse ano, comecei a aprender conjugação de verbos, apesar de não gostar, conseguia entender.
Duas obras que gostei muito de ler foram duas peças teatrais do dramaturgo inglês William Shakespeare: Otelo – O mouro de Veneza – do qual nunca vou me esquecer o desfecho – e Sonho de uma noite de verão – do qual nunca vou me esquecer o início – que é o seguinte: “Há quem diga que todas as noites são de sonho. Outros não, só as de verão. Mas nenhum ficou tão famoso quanto este o Sonho de uma noite de verão”.(...)
Enquanto isso na 5.ª série, as coisas começaram a piorar. O primeiro livro que me pedem para ler, eu já tinha lido. E aí quando mudou de professora começou uma chateação com orações, verbos, sujeitos, substantivos, adjetivos...
Foi nesse ano que li um livro do meu escritor preferido: Sidney Sheldon o título do livro era: A herdeira. Adorava a maneira de como ele dedicava um capítulo inteiro a um de seus personagens. De como fazia aqueles flashbacks com seus fantoches.
Como eu lia muito, era o melhor em leitura na sala de aula, e quando algum professor pedia para ler algo em voz alta eu sempre me oferecia.
A isso seguiram-se: Bisa Bia, Bisa Bel de Ana Maria Machado; a versão original de Os três mosqueteiros de Alexandre Dumas; Um médico na tempestade; Sonhando com o amor; Perigosa e fascinante; Dom Casmurro; Ressurreição; As mãos de Eurídice; Ubirajara.
Nessa época, eu tentei ler o livro O jogo da amarelinha, de um escritor sul-americano. Ele tinha duas maneiras de ser lido – por isso, o título – mas além de muito comprido, era de difícil compreensão, por isso desisti de lê-lo, coisa rara que eu faço quando leio um livro.
Li também: Nada dura para sempre; A outra face; O outro lado da meia-noite; Se houver amanhã; O plano perfeito; O reverso da medalha, todos de Sidney Sheldon.
Houve um período em que fiquei sem ter aulas de Língua Portuguesa na escola, então, adeus Gramática!
Gostei de ter lido as confissões de um jovem paralítico Feliz ano velho de Marcelo Rubens Paiva, de uma portadora do vírus HIV em Depois daquela viagem; de Valéria Piassa Pollizi. De saber como funciona o roteiro de um longa-metragem em Meu tio matou um cara e outras histórias de Jorge Furtado.
Além de dois livros que já citei anteriormente, li também alguns contos do maior escritor da Literatura Brasileira.
Quando voltei à Eunápolis na 8.ª série , achei a biblioteca do Armando Ribeiro Carneiro muito interessante. O que mais gostei de ter lido lá foi: O hotel New Hampshire de John Irving, achei-o tão interessante! É meu livro preferido, gostei tanto que criei até uma comunidade no Orkut para ele.
O livro versa sobre uma família, por sinal muito excêntrica, o pai e marido, abre hotéis, para de certa forma lembrar o primeiro hotel em que ele e sua esposa se conheceram. A história é narrada em 1.ª pessoa, e o narrador é um escritor. O que dá a impressão da história ser ainda mais real.
Na história há, um motoqueiro judeu, homosexualidade – masculina e feminina – estupro, uma anã, incesto e até um urso!
Ainda no ano passado li O monte Cinco; Veronika decide morrer e O manual do Guerreiro da Luz, todos de Paulo Coelho, não gostei de nenhum dos livros e acho que ele está precisando de muita Gramática.
Eu tive o prazer de conhecer – em meio à toda aquela gramática da 8.ª série – Natividade e Arlane, elas me prepararam na parte de Português para a prova do Cefet. Nós debatíamos sobre violência, assistimos Tropa de elite juntos e depois discutimos sobre Meio ambiente, isto me ajudou muito.
E ainda no fim do ano passado, o primeiro livro que li de Jorge Amado: Capitães da areia.
Adorei sua forma de descrever a Bahia, os ritos africanos, o drama – ou até mesmo a comédia - dos meninos de rua, seus personagens eram muito cativantes.
No início deste ano, viajei para Itabuna e fiquei hospedado na casa dos meus avós, lá li alguns livros: O grande conflito de Ellen G. White; A morte não marca hora; Golpe em Las Vegas; Obsessão fatal; Grande sepultura. Depois, comprei O código DaVinci de Dan Brown, não o achei muito interessante, mas mesmo assim o li.
Depois de um tempo – os livros já tinham terminado – eu fiquei sabendo que havia uma biblioteca na cidade, então, fui lá e fiz o meu cadastro. O primeiro livro que fiz empréstimo foi Um estranho no espelho de Sidney Sheldon, não o considero um de seus melhores livros. Peguei também os quatro volumes de As brumas de Avalon de Marion Zimmer Bradley, as aventuras e os romances nele retratados são fascinantes.
E ainda li A mulher do próximo de Gay Talese que falava sobre a Revolução Sexual Estadunidense, a biografia de Michael Jackson, de Adolf Hitler, Cleópatra e Rei Artur. O telefone amarelo de Chico Anísio, que é divertidíssimo. O pagador de promessas de Dias Gomes, e ainda tentei ler um imenso exemplar do livro Darwin – A vida de um evolucionista atormentado, a biografia do cientista Charles Darwin, mas sua leitura era cansativa e desisti de lê-lo.
E também comprei os livros: O negócio é o seguinte de Ellen DeGeneres, que achei ótimo e muito engraçado; Clandestinos na América de Dau Bastos que achei regular, Darapti – O despertar de Oto de Marcelo Malheiros Por quê não eu? De Al Franken, um comediante estadunidense, mas não foi tão divertido lê-lo talvez pela falta de identidade cultural.
Quando comecei a estudar no Cefet, não achei a biblioteca da escola muito interessante, nem podia chegar às prateleiras para pegar os livros.
Mas mesmo assim, acabei lendo alguns: Enigma na Capela Real; Drácula; O nome do jogo de Will Eisner e outros.
Aí li Manual prático do ódio de Férrez. Não consegui achá-lo interessante, era muito diferente dos livros que eu estava acostumado a ler, mas também não achei-o triste por tantos personagens morrerem em seu desfecho.
E ainda houve os inúmeros contos e textos que eram pedidos para serem lidos.
Tive a leitura de Robinson Crusoé de Willem Dafoe. Achei muito interessante o debate do livro de Sandra Azeredo Preconceito contra a mulher. Li A metamorfose de Franz Kafka e li também sua transposição para os quadrinhos e outros pedidos pelo professor.
O último livro que li foi Farda fardão camisola de dormir, achei-o muito interessante por ser parecido com Assassinatos na Academia Brasileira de Letras de Jô Soares, além de muito irônico.
Daqui para frente só espero ler e evoluir ainda mais.

Quanto vale ou é por raça?

Dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra adesigualdade salarial entre afrodescendentes e brancos diminuiu entre1996 e 2003.O estudo Retrato das desigualdades de gênero e raça apesar dedemonstrar um aumento no salário dos negros em relação aos brancos,mostra que a discriminação racial continua presente: o salário médiode um negro no Brasil é, em média de R$ 502,00 mensais, o de um brancoé quase o dobro chegando a R$ 986,00 mensais.Apesar de muitos dizerem que o Brasil é um país onde não hápreconceito racial, que aqui não há nada que se compare ao Apartheidna África, e que, inclusive, o preconceito racial é cultivado pelospróprios negros. É inegável reafirmar o que disse o intelectual Abdiasdo Nascimento "As feridas da discriminação racial se exibem sob o maissuperficial olhar sobre a sociedade".Desde o fim da escravidão, até hoje, que não é só nos baixos saláriosque se reflete a desigualdade racial no país. O percentual deindigentes na população negra é de 11,8%, enquanto esse índice caipara 4,5% entre os brancos. A taxa de concluintes do ensino médioentre brancos é de 58,4% comparados com 37,4% dos negros, entre osnegros do sexo masculino cai para 32,3%.Numa escala de ascensão social os negros recebem menos que asmulheres, e estas, por sua vez recebem menos do que os homens. Como sefossem marcados a ferro como gado e, dependendo do sinal que tem emsuas peles, ganhasse um passaporte para ganhar mais, ou menos.Ligado a isso, esconde-se o racismo antes mesmo do negro conseguir umavaga no mercado de trabalho. Quando num anúncio de jornal pede-semoças e rapazes de "boa aparência", está intrínseco que o candidatoprecisa ser branco.Há, além disso, o preconceito principalmente contra a mulher negra.No Nordeste, as mulheres negras que atuam no mercado de trabalho comoempregadas domésticas é 1,1 milhão maior que em relação ao número debrancas.Há que se ressaltar também o fato do diminuto número de empregadasdomésticas com carteira assinada: em 1996, 20,9%, saltando para 26,4%em 2006, um aumento muito pequeno. Na Bahia, apenas 13,2% dasempregadas domésticas possuem carteira assinada.São esses os números que nos fazem cada vez mais lamentarmos por estarnuma sociedade cheia de preconceitos e rótulos.

terça-feira, 4 de março de 2008

Hoje em dia, pensamos cada vez mais em salvar o meio ambiente. Ficamos horrorizados em saber quantos hectares de terra são desmatados para lucros de alguns poucos milionários. Estamos cansados de saber que a monocultura acelera a erosão da terra, mas... o que fazemos para mudar isso? Nós só apenas reclamamos diante da televisão em confortáveis poltronas. Nem sequer nos damos ao trabalho de separar o lixo de acordo com o material que é feito.
Como é fácil reclamar sem nem ao menos nos movermos para mudar este terrível quadro social! o que você, internauta, faz quando vê algum desavisado jogar lixo no chão da rua? E no dia seguinte reclama do alagamento da cidade?
O que precisamos fazer para mudar este quadro social é nos unirmos, fazer passeatas para mobilizar o governo que pouco ou nada se importa com esse caminho que leva a destruição do planeta; é pintar nossas faces com as cores da natureza para protestar contra essa sociedade, que segundo Raul Seixas cantava: "Tem essa velha opinião que lhe é formada sobre tudo".